quinta-feira, 31 de julho de 2008

RICARDO CUNHA - Arma-Zen

sábado, 26 de julho de 2008

GUMERCINDO: MANDINGA, PÉ-DE-PATO E QUIPROQUÓS - ROMANCE DE RICARDO CUNHA - CAPÍTULO III


Dormiu embaixo de marquises, em praças, igrejas, lojas fecha- das, lojas abertas onde era expulso aos chutes dos seguranças, museus, escadarias de todos os tipos, estátuas de vultos, estátuas de anônimos, esculturas de arte moderna, jardins, viadutos, pontes não acabadas, casas de caridade, ferro-velho onde foi mordido por um cão, clube de campo, campo de futebol de várzea, campo de futebol de salão, campo de futebol de botão jogado no lixo, campo da favela onde ganhou seu nome:
- Ei Gumercindo...- gritou um dos jogadores da pelada no campo;
- Pega a bola p’ra gente. – pediu com tom autoritário na voz.
O menino que descansava num canto próximo de onde a bola parou, ficou sem entender o recado, nunca ninguém o chamou por um nome, pensou que não fosse com ele.
- Do-do que me chamou? – indagou emocionado, gaguejando em sussurro.
- De Gumercindo. – respondeu o homem o apressando com sinais
Para que pegasse a bola.
Ainda intacto, o menino continuou:
- Mas por que Gumercindo?
- Sei lá, podia te chamar de Jão, Pedro, Paulo, Ferdinando, Astrogildo, Egídio, Belchior, mas te chamei de Gumercindo já que não sei qual é teu nome.
O menino ficou espantado, uma sensação incomodava seu peito, o homem bravo com seu silêncio o xingou e foi apanhar a bola.
- Deixa que eu pego. – retrucou o menino que correu, pegou a bola e chutou, sem talento para o esporte, a bola de capotão foi numa direção contrária, quicou na rua, quebrou a janela de uma casa, derrubou um vaso de flor, que espatifou e em seguida a bola rolou em frente à um carro que a atropelou, acabando com a alegria da pelada.
- Seu fila-da-puta , pé-torto dos inferno, o que tu fez? –Xingou o homem que pediu a bola.
- Fila da puta não, tenho nome: Gumercindo.- respondeu para o homem bravo, deixando irritados os jogadores da pelada, alguns pensaram em bater no menino, que feliz com seu nome, caminhou rumo à cidade sorrindo.

* *

Nos dez anos seguintes após seu batismo inusitado, Gumercindo ganhou trocados com esmolas, trabalhou cuidando de carros caros, vendeu bugigangas para aproveitadores, mas continuava morando na rua, não fazia amizades, apenas contatos com outras pessoas, era comum ser roubado por ladrões e moleques-de-rua e apanhar da polícia e de exploradores.
Ainda não possuía documentos e não sabia ser necessário tê-los,
Não sabia ler, mas sabia falar e se comunicando descobriu que havia transporte para São Paulo, e ouviu que esta cidade era grande, rica, onde as oportunidades de comer e viver melhor eram maiores, diziam coisas maravilhosas sobre São Paulo; que havia pessoas de todos os tipos: Ricas, felizes, pessoas amáveis e bonitas. Nas ruas à noite, muitas luzes reluziam e tinha comida farta, soube que trabalhando naquela cidade, ganhava-se muito dinheiro, até para roubar era bom. Coisa que Gumercindo desprezava, já havia sido roubado muitas vezes e odiava o ato e as pessoas que o cometiam, não queriam jamais sentir-se como um deles.
As histórias e estórias sobre São Paulo alegravam Gumercindo então procurou um dos fretes de pau-de-arara da cidade para saber como podia ir.
Não foi difícil encontrar o transporte, o avistou próximo de uma praça ajuntando pessoas para a aventura.
Aproximou-se, observou o caminhão que aos poucos enchia de gente disposta., pessoas que como ele sentiram a emoção da cidade grande, os encantos e a beleza espalhada por quem a conhecia. O motorista contava algum dinheiro e incentivava os passageiros, Gumercindo não chamou sua atenção, então a roubou:
- Ei home ... o que preciso para ir p’ra São Paulo?
O homem atarefado, olhou para Gumercindo mal-trajado e sujo e se incomodou, então rude respondeu:
- Precisa de dinheiro, coisa que tu não tem.
- Mas eu tenho. – Bradou um sujeito estranho, meio gordo, alto, aparência diferente dos habitantes da cidade, com roupas simples mas bem tratada, impunha respeito onde estava, seu bigode era enorme, cuja pelugem invadia seu nariz emporcalhando sua figura, no pulso um relógio prateado com pulseiras de alumínio demonstrava que o homem já havia visitado a cidade grande muitas vezes e seu ar de familiarizado com aquele ambiente levava a crer que tinha muitas posses e consumia os produtos encantadores de lá.
Gumercindo olhou para o homem, esperou uma nova reação e ele o fez:
- Estou precisando de peão na obra que tenho em São Paulo, tu quer trabalhar para mim? É trabalho duro, mas te levo de graça e lá te dou moradia e comida.
Gumercindo ficou impressionado com a proposta, nunca havia sido tratado daquela maneira, sentiu-se importante para o homem, seu coração disparou e sentiu a alegre oportunidade de poder viajar.
O motorista encabulado com a atitude do homem da proposta, permaneceu calado, esperando o desfecho, estava certo quanto aos recursos de Gumercindo, que naquele dia não havia ganho nada e as poucas moedas que tinha, eram suficientes apenas para um pingado na hora do almoço.
- É claro que quero. – respondeu Gumercindo liberando um sorriso que abrandou sua aparência pavorosa.
- Então vamos, tu não tem bagagem? – indagou o homem da proposta.
- Não sinhô, apenas a rôpa que visto.
O homem da proposta não se importou com a indigência de Gumercindo, acertou o valor do frete com o motorista e despediu-se:
- A gente se encontra lá.
- Ué o sinhô não vai comigo?
- Não eu vou de ônibus.
- Mas como eu te acho lá?
- Eu sei onde é o ponto final do frete, fica trânquilo, eu chego primeiro que tu e quando chegar eu te espero no ponto.
- Tá bom.
Então o homem da proposta se afastou e seguiu seu caminho, Gumercindo subiu no pau-de-arara, aconchegou-se num banco duro, cumprimentou os passageiros que o ignoraram, o motorista fez os acertos finais e partiu rumo à cidade grande.

domingo, 20 de julho de 2008

Gumercindo: Mandinga, Pé-de-Pato e Quiproquós - Capítulo II - Romance de Ricardo Cunha


Perambulou durante dias pelos casebres e chegou ao centro de uma grande cidade, longe de Apuiares. Não comia há dias, nem se lembrava da fome e suas tetas secavam com os esfomeados bebês.
Não suportaria muito aquela vida, trocou um dos meninos, o mais forte, por uma estadia de três dias numa pensão, Malvinda tentou se dispor do miúdo, mas a dona da pensão conservadora e rigorosa não gostou do menino e exigiu que ninguém soubesse do feito:
- Após a estadia, pegue suas coisas e nunca mais apareça aqui, mesmo casada com o prefeito.
Malvinda obedeceu, tinha menos peso para carregar e mais leite nas tetas secas com os dois bebês, o miúdo mamava pouco, enquanto o forte que doou era muito guloso. Porém a mulher ainda culpava o culpava por sua desgraça, tentou trocá-lo, vendê-lo, entregá-lo, mas ninguém o queria, até que um marmanjo após muita insistência aceitou uma troca; Cuidaria do menino miúdo, convenceria sua amante rica a aceitar o bebê, mas exigiu o sexo de Malvinda no negócio.
A mulher aceitou, comeu e bebeu antes do coito, fugiu em seguida deixando um filho e levando outro ainda embrulhado no cobertor.
Assustada e apressada, a mulher se descuidou e levou o miúdo consigo, amaldiçoou novamente o menino, mas preferiu não voltar para rever o marmanjo, chorou nervosa, agarrou o bebê com bronca e continuou sua caminhada sem destino.

*

Procurou emprego na cidade, analfabeta até a alma, mal conseguia conversar direito, mendigou durante a semana e furtou um pão-e-leite para o miúdo. Começou a encarar seu destino e via seu ex-marido em qualquer rosto masculino, aos poucos cedia à tentação, então mesmo suja e fedida, começou a se prostituir.
Tentou negociar o miúdo, mas o sujeito queria apenas uma noite de luxúria, o fez e deixou uns trocados em troca.
Malvinda gostou do dinheiro e da lembrança de seu marido, percebeu que seu filho não seria doado facilmente, então começou a aceitá-lo.
Seus clientes eram muitos, logo conseguiu um muquifo na viela do centro, com banheiro e quarto, o miúdo arregalava os olhos, observando os homens sedentos por sexo, tanto que mal notavam sua presença no canto.
Meses assim foram, o miúdo ensaiava alguns passos, ocupada com os homens e os novos vícios, Malvinda não se importava com o menino que nem nome tinha, era cuidado pelos homens, educado pelas putas que apenas advertiam seus erros.
De tanto beber, Malvinda perdia seus clientes, bêbada, seu sexo e seu hálito eram horríveis, afastando o dinheiro-fácil.
O aluguel vencera, o menino já não via nenhum tipo de leite, com fome e sede, desprezado por sua mãe, sem o cuidado dos homens e a educação das putas; bebeu bebida alcóolica numa noite e dormiu. Nessa mesma noite apareceu um cliente, triste e abatido o homem abraçou Malvinda, deu-lhe sexo e amor e saíram para sempre deixando o menino ainda dormindo.
Quando acordou já não tinha mãe e continuava sem leite, nem notou. Levantou-se, já sabia andar, saiu na rua e recolhido por uma puta, morou com ela um mês.
As putas amaldiçoavam a mãe do miúdo que desumana deixou o menino como um trapo sujo, indagavam sobre o homem que roubou o amor da mulher em poucos minutos. Acreditavam que ela já o conhecia e cogitavam a possibilidade de ser o pai do miúdo.
Uma dona de bordel cuidou do menino durante um ano, não pegou amor então o ofereceu à uma lavadeira, que o tratou com carinho por uma semana, mas não tinha recursos para alimentá-lo, o entregou para a prefeitura que o levou para o orfanato onde foi doado, o doador morreu e o tutor voltou a ser o Estado, sem nome e registro, não sabiam quem eram os pais e o enviaram para nova doação, onde ficou por quatro anos, comendo bem numa casa de ricos. Os Pais adotivos faliram e perderam a sanidade, deixaram o miúdo na rua, onde novamente fora recolhido por uma puta:
- Te conheço não é de hoje menino. – disse a mulher ao miúdo que arregalou os olhinhos e demonstrou medo.
- Vou te dar leite e arrumar um canto p’ra tu. – então apanhou o menino e o levou para seu barraco numa favela.
A mulher o levava para o trabalho à noite e ao dia o miúdo perambulava pelas ruas ao lado de homens e cães vadios.
Via a cara dos homens jogadores de bola no campo da favela, estranhava os gritos e palavrões. Aprendendo a falar os imitava sempre com olhar arregalado e era motivo de chacota dos marmanjos e moleques que o zombavam e lhe distribuíam cascudos. Tentava brincar com a bola, mas sempre o espancavam aos nomes de fi-de-puta e fi-dum-corno , palavras que o menino mal entendia.
Sua mãe adotiva quando chegava no barraco lhe dava o que comer, certa vez arriscou a dizer algumas palavras para a mulher:
- Brigado mãe.
A puta desorientou-se, chorou, arrepiou-se se irritou, acabou esbofeteando a boca do menino que viu derramar o sangue do seu nariz.
- Puta nunca é mãe seu moleque, nunca é mãe.
O menino tinha apenas cinco anos mas sabia quando era querido, então sentindo-se infeliz foi embora apenas com os trapos em seu pequeno corpo-miúdo.

domingo, 13 de julho de 2008

GUMERCINDO: MANDINGA, PÉ-DE-PATO E QUIPROQUÓS- ROMANCE DE RICARDO CUNHA -CAPÍTULO I


Apuiares amanheceu pacata como sempre naquele dia, o sol carrasco não deu trégua nas últimas semanas e o povo da pequena cidade do Ceará, esqueceu da seca e da fome apenas para visitar Malvinda, moça nova que pariu naquele dia três filhos.
O povo acostumado com a grande quantidade de crianças pouco se importavam quando algum nascia ou morria, mas o parto de Malvinda era inédito para os miseráveis.
Malvinda era casada com Joaquim há algum tempo, os dois cuida- vam de cabras e buscavam água para os bichos numa longa distância.
Mesmo grávida ostentando uma enorme barriga no corpo esquelético
Malvinda fazia o serviço todo dia, maltratada pelo sol e pela escassez.
Joaquim esperava por um filho, com o tamanho da barriga pensou ser dois, o terceiro foi um susto que ele não conseguia entender.
Escute dona Etelvina, que diabo de gravidez é essa? Com três minino? – perguntou à parteira da vila , que já fizera diversos partos na vida, inclusive o de Joaquim e Malvinda. A mulher arregalou os olhos com cara de ruim e respondeu:
Olhe eu já vi muito parto, muita mulhé prenha, mas isso aqui é esquisito.
Cuma?
Esse gêmeo gordo nasceu do lado direito, o outro fortim do lado esquerdo e esse miúdo feím brotou pertinho dos dois, como se tivesse sido colocado ali.
O homem coçou a barba rala e pediu maiores explicações:
Senhora tá achando estranho como esse minino nasceu?
Eu nunca vi, já ouvi falar sobre um caso assim; o do gêmeo-uno.
O quê?
É o gêmeo que nasce no meio dos dois outros gêmeos, apertadinho, quase roubando o espaço dosoutro.
A multidão já se encontrava ali no casebre de Joaquim, para ver os três bebês, observavam com carinho os dois belos meninos, graúdos, fortes, mas disfarçavam o olhar de repúdio para o gêmeo do meio; feio, miúdo e magrinho-desnutrido.
O homem ainda encucado, observava os meninos e não sentia carinho algum pelo miúdo, sentia indiferença, desconfiança, sentiu que aquele filho podia não ser seu, havia muitos homens na cidade pequena e como todos se conheciam podiam saber a respeito de uma traição por parte de sua mulher e esconder o fato.
Dona Etelvina, senhora acha que isso... Esse minino pode ter sido feito depois que a mulher embuchou ? – Sussurrou ao ouvido da parteira, que ignorante e maliciosa não se preocupou em encucar ainda mais o homem.
Pode ser... eu não conheço outro caso assim, mas ouvi dizer que se um homem come a mulher depois de prenha pode nascer outro em cima.
Mas eu num tive trepando com Malvina prenha não.
Ora meu filho... não esquenta a cabeça, o filho é teu, pai é quem cuida e cuide para que ele tome muito leite, pois tá muito magrim esse menino.
Dona Etelvina... – sussurrou Joaquim.
A senhora não tá sabendo de nada não?
Sobre o quê ?
Sobre Malvina.
Sei de nada não. – desconversou a velha e foi-se embora deixando recomendações.
Naquela noite Joaquim não dormiu, os bebês não paravam de chorar ,irritando o pobre homem. O mais fraquinho era o que menos incomodava, não tinha forças para o choro, ficava quietinho com os olhinhos arregalados, olhando para o teto do casebre.
A mãe descansava em silêncio ao perceber a inquietação do marido se incomodou e rude o indagou:
Que é homem? Não tá feliz com os menino?
Esses muleque não pára de chorá, não me deixa dormir.
Procure pegá no colo que eles se acalma.
Joaquim seguiu o conselho da mulher, apanhou um no colo e largou apenas quando o bebê dormiu, fez o mesmo com o outro, e por último apanhou o miúdo, segurou nos braços, era leve como pena. O menino ainda atento, olhou direto nos olhos do pai.
Moleque atrevido, desse tamanho e já desafiando, tu não parece comigo, sei disso, é fraquim e feim, o que faço contigo hein?
Que foi home? – interrompeu Malvina.
Nada não, vá dormir. – Joaquim fitou novamente o bebê miúdo o colocou na cama e deitou-se, amanhã precisava ir cedo trabalhar.
Na manhã antes do canto do galo e do sol esquentar a terra, Joaquim levantou-se ainda encucado com o nascimento daquele menino miúdo.
Olhou para Malvina e sentiu ódio, repúdio, como uma vítima de traição, era um homem prático, acostumado a sobreviver em situações difíceis, então não demorou a decidir o que fazer, com a mão esquerda calejada pelo labor, puxou os cabelos da mulher que acordara com o susto. Então ainda pelos cabelos a derrubou da cama e ordenou:
Pegue seus filhote e suma daqui.
MA-mas o que tá acontecendo aqui home?
Não interessa, tu sabe o que fez.
O que tu tá fazendo, tá doido é?
Sua puta dos inferno, pensa que não sei que esse filho não é meu?
Co-como é que é? Tu tá doido home ? Onde tu tirou essas idéia ?
Eu não sou bobo sua biscate enquanto eu trabalhava, você aí de desfrute...
Imagina Joaquim, eu sempre fui fiel a tu, trabalhava contigo lembra? Esses filho são seus, todos até o magrim... Eu nunca dei para outro home não...
Eu não acredito, Esse moleque não parece comigo, nunca vi brotá um menino no meio dos outro, isso é resultado de trepada depois de prenha.
Tu tá falando besteira.
Ruma embora, só com a roupa dos corpo e os fio.
Tu não pode fazê isso, eu imploro home sem tu eu não sou nada.
Ruma...
Não Por favô.
Pegue seus fio e desapareça da minha frente.
Os fio são teu...
Não são, os dois pode ser, o miúdo feim não.
Mas tu não é bonito home.
Então foi dá p’ra um bonito né sua puta desgraçada.
Não fui não, tu é meu único macho...Se tu não gostou do menino eu dou ele p’ra alguém.
Quem vai querer essa coisa.
Então nóis joga no mato, longe daqui...
É capaz de voltá.
Então a gente mata ele e dá de comê aos menino.
Joaquim parou p’ra pensar no que a mulher disse, pois parte de seu desprezo pelos filhos era a responsabilidade de Ter mais três bocas para alimentar e no fundo sentia algo pela mulher.
Nunca ouvi falar de gente comê gente.
Come sim, no lixão tem quem come resto de gente, que vem do hospital.
E num faz mal não?
Não.
Malvina eu só quero uma coisa e não vou falá outra vez, pegue seus menino e suma daqui.
Mas como eu vou fazer, p’ra onde eu vou.
Se lasque p’ra lá, mate o miúdo como tu disse e dê p’ros outro comê, ruma embora.
Malvinda ficou desolada no chão do casebre ajoelhada, humilhada e revoltada levantou-se, apanhou os moleques no colo, pegou com ódio o mais miúdo, causa de sua desgraça, o encaixou próximo ao peito este se pôs a mamar, ela o afastou e saiu apenas com os trapos no corpo.

sábado, 12 de julho de 2008

DIA MUNDIAL DO ROCK


Mais um dia Mundial do Rock, comemorações aqui e acolá, esse gênero fabuloso que mudou comportamentos, ditou moda encheu de alegria muitos corações adolescentes.

O Rock'n Roll fantástico de Elvis, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, segundo dizia Raul Seixas nasceu e morreu ali, talvez tenha razão, mas o Hard Rock de bandas como Stepenwolf, Deep Purple, AC/DC, o Progressivo de Pink Floyd e tantas bandas incríveis são a mais essência do estilo Rock.

Hoje as bandas são repetitivas, ah uma explosão de covers, crunners de Rock, muita modinha os insupotáveis Emos da vida, mas o estilo ainda sobrevive.

Penso vez por outra em jogar tudo pro alto como já fiz algumas vezes e fazer uma turnê daquelas bem capenga, estradão, pouca grana, cachaça e público pulando quando "frito" minha guitarra.

O Rock representa a rebeldia, a vontade de mandar o patrão pra aquele lugar, e mesmo assim você viver bem, cheio da grana, rindo à toa.

Utopia? Sei não muitos conseguiram, mas talvez aquela máxima realmente exista no cenário Rock : "Muitos são chamados, poucos são escolhidos". It's Rock'n Roll man!!!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O MONSTRO CHAMADO: CAPITALISMO

A luta imperialista entre os principais Estados do capital para uma nova partilha do mundo provocou a primeira guerra mundial imperialista (1914-1918). Esta guerra abalou as bases de todo o sistema capitalista mundial e inaugurou o início do período da sua crise geral. Ela pôs ao seu serviço todos os recursos econômicos dos países beligerantes, transformando-os num punho férreo do capitalismo de Estado, implicou gigantescas despesas improdutivas, destruiu uma enorme quantidade de meios de produção e de mão-de-obra, arruinou as grandes massas populares, impôs inumeráveis encargos aos operários industriais, aos camponeses e aos povos coloniais. Agravou fatalmente a luta de classes, que se transformou em ação revolucionária de massas e em guerra civil. A frente imperialista quebrou-se no seu setor mais frágil, na Rússia czarista. A revolução de Fevereiro de 1917 derrubou o poder dos grandes proprietários fundiários. A revolução de Outubro derrubou o poder da burguesia. Esta revolução proletária vitoriosa expropriou os expropriadores, tirou à burguesia e aos grandes proprietários fundiários os meios de produção; pela primeira vez na história da humanidade, ela estabeleceu e fortaleceu a ditadura do proletariado, num grande país; realizou um novo tipo de Estado, o Estado soviético, e inaugurou a revolução proletária internacional. Com base no abalo profundo do capitalismo mundial e no agravamento da luta de classes, e sob a influência imediata da revolução proletária de Outubro, produziram-se diversas revoluções e diversos movimentos revolucionários, tanto na Europa como nos países coloniais e semi-coloniais: em março de 1918, revolução operária na Finlândia; em agosto de 1918, no Japão, as “revoltas” do arroz; em novembro do mesmo ano, revoluções na Áustria e na Alemanha, que derrubaram o regime das monarquias semi-feudais; em março de 1919, revolução proletária na Hungria e insurreição na Coréia; em abril de 1919, poder soviético na Baviera; em abril de 1920, revolução nacional burguesa na Turquia; em setembro do mesmo ano, ocupação de fábricas na Itália; em março de 1921, insurreição da vanguarda operária na Alemanha; em setembro de 1923, insurreição na Bulgária; no outono do mesmo ano crise revolucionária na Alemanha; em dezembro de 1924, insurreição na Estônia; em abril de 1925, levantamento em Marrocos; em agosto do mesmo ano levantamento na Síria; em maio de 1926, greve geral na Inglaterra; em julho de 1927, insurreição operária em Viena.Todos estes fatos e acontecimentos, como o levantamento na Indonésia, a efervescência profunda nas Índias, a grande revolução chinesa, que abalou o continente asiático, aparecem como os elos de uma mesma cadeia revolucionária internacional, como as partes constitutivas de uma profunda crise geral que atravessa o capitalismo. Este processo revolucionário mundial compreendeu a luta direta pela ditadura do proletariado, as guerras nacionais de libertação e as insurreições coloniais contra o imperialismo, intimamente ligadas com o movimento agrário de milhões de camponeses. Deste modo, enormes massas humanas viram-se arrastadas pela corrente revolucionária. A história universal entrou numa nova fase da sua evolução, na fase da crise geral prolongada do sistema capitalista. Nesta fase, a unidade da economia mundial encontra a sua expressão no caráter internacional da revolução. A desigualdade de desenvolvimento das suas diversas partes reflete-se na não simultaneidade das revoluções nos diversos países.As primeiras tentativas de revolução, surgidas durante a crise aguda do capitalismo (1918-1921) terminaram com a vitória e consolidação da ditadura do proletariado na URSS e em derrotas do proletariado em diversos países. Estas derrotas são, antes de tudo, devidas à tática de traição dos chefes social-democratas e dos leaders reformistas do movimento sindical; e em segundo lugar a conseqüência de que os comunistas não tinham ainda o apoio da grande maioria da classe operária e não existia ainda Partido Comunista em vários países importantes. Na seqüência destas derrotas, que tornaram possível a nova exploração das massas do proletariado e dos povos coloniais e uma queda acentuada do seu nível de vida, a burguesia pôde realizar uma estabilização parcial das relações de produção capitalista. 2 – A crise revolucionária e a social-democracia contra-revolucionária No curso da revolução mundial, adquiriram uma importância particular enquanto forças contra-revolucionárias lutando ativamente contra a revolução e sustentando a estabilidade parcial do capital, por um lado, os chefes social-democratas e por outro lado, as organizações de combate de tipo fascista. A crise produzida pela guerra de 1914-1918 foi acompanhada pela falência vergonhosa da II Internacional social-democrata. Em contradição flagrante com a tese do Manifesto Comunista de Marx e Engels, segundo a qual, em regime capitalista, os proletários não têm pátria, em contradição flagrante com as resoluções contra a guerra dos Congressos de Stuttgart e de Bale, os chefes dos partidos social-democratas nacionais, à exceção de alguns casos isolados, votaram os créditos de guerra, pronunciaram-se resolutamente pela defesa das “pátrias” imperialistas (isto é, das organizações de Estado da burguesia imperialista) e, em vez de lutarem contra a guerra imperialista, tornaram-se nos seus fiéis soldados, nos seus propagandistas e protagonistas do social-patriotismo transformado em social-imperialismo. No período seguinte à guerra a social-democracia apoiou os tratados de rapina (Brest-Litovski, Versailhes); interveio como uma força ativa ao lado dos generais quando da repressão sangrenta dos levantamentos operários (Nosk); levou a cabo uma luta armada contra a primeira República proletária (a Rússia dos sovietes); traiu perfidamente o proletariado que tinha conquistado o poder (Hungria); aderiu à Sociedade das Nações imperialistas (Thomas, Paul-Boncour, Vandervalde); pôs-se abertamente ao lado dos imperialistas contra os escravos coloniais (Partido Trabalhista Inglês); apoiou ativamente os carrascos mais reacionários da classe operária (Bulgária, Polônia); tomou a iniciativa das “leis militares” imperialistas (França); traiu a greve geral do proletariado inglês e ajudou a esmagar a greve dos mineiros; ajudou e ajuda a asfixiar a China e a Índia (governo de MacDonald); é propagandista da “Sociedade das Nações” imperialistas, o arauto do capitalismo e a força organizada da luta contra a ditadura do proletariado na uRSS (Kautsky, Hilgerding). Prosseguindo sistematicamente esta política contra-revolucionária, a social-democracia atua ativamente com a ajuda das suas duas alas: a ala de direita, abertamente conta-revolucionária, é necessária para fazer as negociatas com a burguesia; a ala de “esquerda” é necessária para enganar habilmente os operários. A social-democracia de “esquerda”, que joga com frases pacifistas e até por vezes com frases revolucionárias, atua com efeito contra os operários, particularmente nos momentos mais críticos (“independentes” ingleses e chefes de “esquerda” do Conselho Geral quando da greve geral de 1926, Otto Bauer & Cia, quando do levantamento de Viena, etc.), sendo, por isso, a fração mais nociva dos partidos social-democratas. Sem deixar de servir os interesses da burguesia no seio da classe operária, colocando-se inteiramente no terreno da colaboração de classes e da coligação com a burguesia, a social-democracia toma periodicamente uma atitude de oposição e leva a cabo, fingidamente, lutas econômicas unicamente com o objetivo de ganhar a confiança de uma parte da classe operária e de trair da maneira mais ignóbil os seus interesses gerais, em particular quando dos combates de classe decisivos. Na atualidade, a função essencial da social-democracia consiste em minar a unidade combativa do proletariado, necessária na sua luta contra o imperialismo, pois ao trair e desmoralizar a frente única da luta proletária contra o capital, ela transforma-se no apoio mais firme do imperialismo no seio da classe operária. A social-democracia de todos os matizes, a II Internacional e a sua sucursal sindical, a Federação Sindical de Amsterdam, tornaram-se assim a reserva da sociedade burguesa, o seu suporte mais seguro. 3 – A crise do capitalismo e o fascismo Ao lado da social-democracia, através da qual a burguesia esmaga os operários ou adormece a sua vigilância de classe, ergue-se o fascismo. A época do imperialismo, o agravamento da luta de classes e o crescimento, sobretudo depois da guerra imperialista mundial, dos elementos de guerra civil provocaram a crise do parlamentarismo. Deste modo, “novos” métodos e formas de governo (por exemplo, o sistema de gabinetes pouco numerosos, a criação de grupos oligárquicos que atuam na sombra, a degenerescência e a falsificação das funções da “representação nacional”, a limitação e a suspensão das “liberdades democráticas” , etc.). Este processo de ofensiva da reação burguesa-imperialista adota, em condições históricas determinadas, a forma de fascismo. Tais condições são: a instabilidade das relações capitalistas; a existência de importantes elementos sociais deslocados; o empobrecimento de grandes camadas da pequena-burguesia agrária e, finalmente, a ameaça constante de ações de massa do proletariado. Com o fim de assegurar uma estabilidade, uma firmeza e uma continuidade maior do poder, a burguesia é constrangida cada vez mais a passar o sistema parlamentar ao método fascista, independente das relações e combinações entre partidos, mascarando-o com a “idéia nacional”, da representação “corporativa