domingo, 15 de junho de 2008




O Objeto

Três sujeitos passeando numa tarde de domingo, é uma das coisas mais comuns que pode haver. Mas algo curioso cruzou o caminho dos três amigos:
Um objeto, estranho, nada parecido com um avião nem com algo conhecido, nem as formas usuais de Óvnis ou naves espaciais. Era um objeto não identificado mesmo.
Movimentou-se rapidamente e pousou no meio do pasto por onde caminhavam os três sujeitos.
O mais velho ficou com medo, o menor arriscou olhar, e o do meio paralizou-se.
- Vou até lá. – anunciou o mais corajoso.
- Você é louco isso deve ser coisa do diabo.
O diálogo dos amigos nos chama a atenção para uma observação:
O homem sempre busca o desconhecido e quando o vê frente a frente ou o amaldiçoa quando acovarda ou enfrenta mesmo com risco ou medo, vale completar que quando a situação aperta e o provérbio “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come” concretiza é melhor enfrentar, pois “se enfrentar o bicho foge”.
Outra observação é em relação aos três, já perceberam o quanto a tríade de elementos nos acompanha em nosso imaginário? Três porquinhos que enfrentaram um lobo mau, ou Pai, filho e espírito santo. Ou mesmo o trabalho que vem do Latim “Tribalho” onde a origem se refere à punição do mau escravo (funcionário) que eram punidos em três pedaços de pau chamados “balhos” daí o nome, quem sabe veio incluído o medo de enfrentar o trabalho, ou novas situações na mente das pessoas.
Porém devemos valorizar nossos três elementos em questão, que mesmo apavorados enfrentaram o bicho.
Aproximaram-se devagar da coisa que flutuava, súbito o objeto lançou uma rajada que parecia uma fumaça negra em formatos de bolhas indestrutíveis que simplesmente desintegrou o mais velho. Encerrando nossa tríade.
O mais novo ficou esperto e recuou o do meio apanhou um pedaço de pau e partiu pra cima o objeto sugou o mais novo e se mandou.
Num movimento impressionante o objeto desapareceu levando consigo o rapaz mais novo, quando acordou do susto o rapaz se viu preso dentro de algo desconhecido, flutuando pela cidade de São Paulo, rapidamente estava no Rio de Janeiro e pousou na mão do Cristo redentor.
Morrendo de medo de se esborrachar daquela altura, pensou em fugir quando o objeto levantou vôo novamente.
Voando numa velocidade impressionante o objeto atravessou o país e logo deixou o continente, o planeta, a galáxia.
Quando o rapaz deu por si estava num lugar estranho, com arquitetura impressionan-te, uma mistura de Gaudí com Picasso eram as casas mais populares.
Se houvesse algum terráqueo naquele absurdo mundo teria que ter o perfil do Dali para se sentir em casa.
O rapaz mediano, nada entendia só observava, quando o objeto aterrissou e o cuspiu para fora.
Caído no chão começou a caminhar não sabia se fugia do objeto ou se ficava por perto como chance única de voltar para casa.
O objeto rosnou, ou melhor, emitiu um ruído estranho, o rapaz se afastou em busca de abrigo.
Quando deu por si estava fora de si. E sua mente já não funcionava como outrora, então começou a assimilar aquela nova forma de mundo.
Encostou-se a uma parede dessas construções bizarras e a construção o engoliu.


Dentro da casa viu seres curiosos, eram parecidos com gente, mas tinham trombas, como elefantes. Aproximou-se e pediu ajuda o que recebeu era uma garrafa com um líquido estranho, pensou em beber, mas hesitou.
Puxou um diálogo sem sucesso, mas em sua mente começou a obter respostas, não conseguia explicar a origem de tudo o que houvera, pensou estar morto.
Foi quando se ouviu um bater na porta, o anfitrião trombudo abriu a porta que ficava no teto, era o Objeto que adentrou sem reservas e novamente sugou o rapaz levando-o consigo novamente.
Quando voltou a viajar, passeou rapidamente por entre as estrelas, voltou para a Terra, viu o céu anil com raios e chuva, passou por dentro de um ciclone extratropical e só observou nuvens e fumaça.
Ao aparecer numa nova cidade, começou a ter certo controle sobre o objeto e já conseguia sugerir algumas coisas a ele. Pensou em fazer arte.

Passeou por uma pequena cidade e assustou todo mundo, o objeto ganhou formas divinas e cativou fiéis num país exótico.
Logo estava de volta ao local de onde saiu.
O seu amigo ainda estava lá e o observou assustado, o outro que se desintegrou, foi reintegrado e o objeto o cuspiu e se desfez.
Ninguém comentou nada no caminho de casa, o viajante se afastou definitivamente dos amigos desfazendo de vez a tríade. Em suma, nunca comentou com ninguém o episódio, depois cresceu, casou, fez três filhos e continuou sua vida simples.

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